LVMH: o impacto jurídico e estratégico da desaceleração no segmento de moda, couro e acessórios

O grupo LVMH, líder mundial do mercado de luxo, divulgou seus resultados referentes aos primeiros nove meses de 2025, registrando 58,1 bilhões de euros em faturamento — uma queda orgânica de 2% em relação a 2024. Apesar de um leve crescimento no terceiro trimestre (+1%), o desempenho reflete uma mudança de comportamento no consumo global, especialmente no segmento de Moda, Couro e Acessórios, que apresentou retração de 6%.

Imagem/reprodução: LVMH

A divisão, que abriga marcas icônicas como Louis Vuitton, Dior, Loro Piana e Celine, enfrentou um primeiro semestre desafiador, mas deu sinais de retomada gradual no terceiro trimestre. Enquanto isso, outras categorias do grupo, como Perfumaria e Cosméticos e Joalheria e Relógios, mostraram estabilidade e até crescimento leve, impulsionadas por nomes como Tiffany & Co., Bvlgari e Sephora.

Sob a perspectiva do Direito da Moda, o cenário vivido pela LVMH revela aspectos jurídicos e estratégicos fundamentais para marcas de luxo globais. Em períodos de desaceleração, a gestão jurídica assume papel central na preservação de ativos intangíveis — marcas, patentes, design e know-how —, além da revisão de contratos de licenciamento, distribuição e parcerias internacionais, especialmente em mercados afetados por variações cambiais e instabilidade econômica.

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A retração nas compras turísticas e a valorização do euro, por exemplo, impactam diretamente contratos de importação, royalties e estratégias de precificação. Por isso, o compliance tributário e aduaneiro se torna peça-chave na manutenção da competitividade, evitando sanções e garantindo eficiência operacional.

Outro ponto sensível é a governança corporativa das maisons. Grupos multinacionais de moda precisam alinhar suas decisões de investimento, práticas trabalhistas e comunicação global às regulamentações de cada país onde atuam. A consolidação da LVMH como líder mundial está intimamente ligada à sua capacidade de gerir riscos jurídicos complexos — desde disputas de propriedade intelectual até conformidade ambiental e ética na cadeia produtiva.

Por fim, a estratégia de “desejabilidade e excelência” citada por Bernard Arnault traduz-se, na esfera jurídica, em uma governança sólida e na proteção contínua de reputação. O luxo não se sustenta apenas em design e exclusividade, mas em estrutura legal robusta, contratos bem redigidos e respeito às normas internacionais que regem o mercado global da moda.

A desaceleração, portanto, não representa apenas um desafio econômico — mas um teste de maturidade jurídica e estratégica para o maior conglomerado de luxo do mundo.

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