Stefano Ricci na Patagônia: a fusão entre luxo, natureza selvagem e governança jurídica na construção da coleção Outono 2026
- JURÍDICO FASHION

- 27 de nov.
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A Stefano Ricci reforça sua vocação exploratória com o projeto “SR Explorer”, que, para a coleção de Outono 2026, conduziu a equipe criativa para a Patagônia chilena e a Terra do Fogo. Em meio a condições extremas, fiordes gelados, geleiras monumentais e a vastidão dos parques nacionais da região, o objetivo era reencontrar o puma — animal que representa a força, o mistério e a imponência da fauna local. A expedição foi descrita pelo CEO Niccolò Ricci como um desafio físico, mas profundamente inspirador, marcando a oitava aventura internacional da grife.

A jornada resultou em um material imagético robusto produzido por Andy Mann, fotógrafo da National Geographic, cuja lente documental adiciona credibilidade cultural e valor artístico ao projeto. As imagens capturam não apenas o puma, mas também pinguins, condores, emas e leões-marinhos, reforçando o caráter selvagem da região. Esse repertório visual se desdobrou diretamente nas peças da coleção, que combinam alfaiataria sofisticada com funcionalidade técnica.
A paleta de cores reflete o cenário patagônico, com marrom, verde e bege, contrastando ocasionalmente com azul vibrante e preto glaciar. As peças vão de casacos com detalhes em pele de raposa a blusões de cashmere e jaquetas corta-vento, acompanhados por ternos e casacos mais leves — um movimento estratégico de modernização da estética tradicional da marca. O smoking preto inspirado nos pinguins, finalizado com botões de cristal ou pedras preciosas, reforça a narrativa do “luxo noturno”.

Sob a perspectiva do Direito da Moda, expedições e coleções temáticas como esta envolvem um ecossistema jurídico complexo. O primeiro pilar é o uso de imagem. O trabalho com um fotógrafo documental renomado exige contratos específicos de licenciamento, cessão de direitos autorais, delimitação de uso comercial e condições para eventual reaproveitamento das fotografias em campanhas, livros, exposições e conteúdo audiovisual. Já a filmagem em áreas de preservação exige autorizações governamentais e conformidade com normas ambientais e de turismo sustentável — especialmente quando se trata de parques nacionais, como Torres del Paine, que possuem regras rígidas de captação de conteúdo e circulação.

A utilização de materiais de origem animal adiciona outro nível de responsabilidade jurídica. Detalhes em pele de raposa e fibras nobres como a vicunha demandam certificações, comprovação de origem responsável, atenção às normas internacionais que regulam o comércio de espécies silvestres e, em alguns casos, adequação às diretrizes da CITES. Em mercados globais, o não cumprimento dessas regras pode resultar em barreiras alfandegárias, penalidades e danos à reputação da marca.
A parceria firmada com uma fundação científica chilena dedicada à preservação dos pumas insere a Stefano Ricci em uma estratégia contemporânea de governança ESG (Environmental, Social and Governance). Esse tipo de ação não é apenas simbólica; ele reforça o compromisso ético da coleção e fortalece a narrativa de responsabilidade socioambiental, ao mesmo tempo em que exige acordos jurídicos estruturados, definição de responsabilidades, prestação de contas e alinhamento regulatório internacional.
Ao unir estética, exploração cultural, responsabilidade ambiental e estrutura jurídica, a Stefano Ricci constrói mais do que uma coleção: ela materializa storytelling de alto impacto. A Patagônia não é apenas cenário; ela se torna argumento de marca, ativo intangível e base para decisões jurídicas que garantem segurança, autenticidade e expansão global.
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