Havaianas adota o “encardido” e transforma meme em estratégia de branding

Nem todo meme é crise, e a Havaianas provou que é possível transformar um apelido viral em estratégia de marketing. A cor “Creme” do modelo Brasil Logo, conhecida por seu visual próximo ao branco, viralizou nas redes sociais nos últimos dias sendo apelidada de “Havaianas encardida”. Em vez de negar ou rebater, a marca decidiu abraçar a brincadeira: alterou a descrição oficial do produto no e-commerce para “Chinelo Havaianas Brasil Logo Encardida”, lançou banners contextualizados e iniciou uma série de postagens nas redes sociais com a nova nomenclatura.

Imagem/reprodução: Havaianas

A movimentação é leve, divertida e reflete a capacidade da marca de dialogar com o público em tempo real. Mas, no universo do Direito da Moda, ela também acende discussões sobre branding jurídico, uso de expressões informais em contextos comerciais e até que ponto uma marca pode (ou deve) adotar um nome viralizado que foge da identidade originalmente planejada.

O chamado brand play, ou reposicionamento espontâneo de imagem, exige cautela. Ainda que o apelido “encardida” tenha nascido da comunidade digital, sua incorporação oficial implica em revisão de elementos como registro de marca, posicionamento publicitário e narrativa institucional. A marca, ao utilizar uma expressão popular de tom ambíguo, deve considerar o impacto no consumidor e os limites éticos e legais da publicidade bem-humorada.

No caso da Havaianas, a leveza e o tom irreverente fazem parte do DNA da empresa, o que contribui para a recepção positiva. No entanto, a gestão dessa liberdade criativa deve ser equilibrada com respaldo jurídico: afinal, mesmo piadas virais envolvem direitos de marca, reputação e responsabilidade na comunicação comercial.

Mais uma vez, vemos o Fashion Law atuando de forma estratégica, garantindo que inovação e leveza possam andar ao lado da proteção jurídica e da reputação institucional.

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