Apropriação cultural na moda: entre inspiração, ética e responsabilidade legal
- JURÍDICO FASHION

- 21 de ago.
- 2 min de leitura
Mesmo em um momento de intensa discussão sobre apropriação cultural, grandes marcas de moda ainda enfrentam desafios ao lidar com elementos culturais sem envolver as comunidades que os criaram. O caso do Oaxaca Slip On da Adidas, inspirado nos huaraches mexicanos, é um exemplo recente de como a falta de participação dos artesãos locais pode gerar críticas severas e repercussões legais. Da mesma forma, a Prada, ao apresentar sandálias similares aos Kolhapuri chappals da Índia, precisou reconhecer posteriormente a inspiração e buscar diálogo com os produtores, evidenciando a necessidade de respeito e transparência.

No universo do Fashion Law, a apropriação cultural levanta questões cruciais sobre propriedade intelectual, direitos de imagem e contratos de colaboração com artesãos e comunidades locais. A moda não é apenas uma expressão estética: ela também carrega responsabilidades legais. Usar elementos de outras culturas sem autorização formal pode gerar litígios, danos à imagem da marca e complicações jurídicas, reforçando que a criatividade precisa andar de mãos dadas com o compliance legal.
Marcas que adotam práticas éticas mostram que é possível equilibrar inovação e respeito. Em 2019, a Dior convidou artesãs marroquinas para participar diretamente de sua coleção Cruise 2020, garantindo visibilidade, remuneração e preservação de técnicas tradicionais. Mais recentemente, a Misci, em parceria com a Riachuelo, desenvolveu peças em colaboração com bordadeiras do Rio Grande do Norte, levando o trabalho artesanal brasileiro para o Festival de Cannes. Esses exemplos demonstram que quando a moda respeita as origens, protege direitos e formaliza parcerias, cria valor genuíno tanto para a marca quanto para os criadores.
Do ponto de vista jurídico, é fundamental que cada criação inspirada em culturas diversas seja acompanhada por acordos contratuais claros, licenciamento adequado e documentação que comprove a autorização de uso. A moda que ignora esses passos pode transformar inspiração em risco legal e danos reputacionais. Em contrapartida, marcas que entendem o valor do respeito e da colaboração não apenas fortalecem sua imagem, como também contribuem para a preservação cultural e o desenvolvimento sustentável do setor.
A apropriação cultural, portanto, é uma fronteira do Direito da Moda: onde estética, ética e legalidade se encontram, mostrando que é possível criar moda com consciência, proteção jurídica e responsabilidade social.
Para participar de discussões exclusivas sobre Fashion Law em tempo real, cadastre-se na comunidade através do link: https://www.juridicofashion.com/páginadacomunidade



Comentários