NIGO x Nike: Kintsugi japonês + streetwear global

A collab entre NIGO e Nike representa mais do que uma fusão estética entre moda e cultura: trata-se de uma convergência entre tradição artesanal e branding contemporâneo, revelando como o Direito da Moda acompanha e regulamenta parcerias desse nível de complexidade criativa.

Imagem/reprodução: NIGO x Nike

Inspirado na arte milenar do Kintsugi, o Air Force 3 Low Kintsugi Pack reflete o conceito japonês de que as imperfeições e rupturas fazem parte da história e devem ser valorizadas — filosofia que se traduz no design por meio das linhas douradas que unem diferentes texturas e cores no calçado. Essa simbologia da “reconstrução com ouro” conecta-se diretamente ao storytelling da Nike e ao legado artístico de NIGO, um dos criadores mais influentes do streetwear mundial.

No campo jurídico, essa colaboração levanta discussões relevantes. A utilização de elementos culturais tradicionais, como o Kintsugi, exige uma abordagem ética e jurídica cuidadosa, para evitar apropriação cultural indevida e garantir o reconhecimento das origens culturais. A Nike, assim como outras grandes marcas globais, vem aprimorando suas estratégias contratuais para incluir cláusulas de compliance cultural, assegurando que o uso de referências artísticas respeite os valores e contextos de onde se originam.

Imagem/reprodução: NIGO x Nike

Além disso, a collab é um exemplo de gestão de propriedade intelectual no design de moda. Tanto os elementos visuais (como a linha dourada que percorre o calçado) quanto os conceitos estéticos podem ser protegidos juridicamente, seja por direitos autorais, registro de design industrial ou marca tridimensional. O branding de NIGO também entra nesse campo, uma vez que o uso do nome do artista e de suas assinaturas visuais em produtos Nike envolve licenciamento de imagem e nome comercial, contratos que delimitam os direitos de ambas as partes e previnem o uso indevido da marca pessoal do designer.

Imagem/reprodução: NIGO x Nike

A caixa do produto, inspirada em embalagens de cerâmica japonesa, reforça o cuidado com a coerência visual e narrativa da collab — um detalhe que tem valor jurídico e mercadológico, pois integra o conceito de “trade dress”, ou conjunto-imagem, cada vez mais protegido pela legislação de propriedade industrial.

Assim, o Air Force 3 Low Kintsugi Pack não é apenas um lançamento de moda, mas um case de Fashion Law contemporâneo: aborda sustentabilidade cultural, licenciamento internacional e a fronteira entre arte e consumo. É um exemplo claro de como o Direito da Moda se faz presente em todas as etapas da criação, produção e comercialização no cenário fashion global.

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