Fato ou fake? A polêmica dos vídeos de fabricantes chineses sobre bolsas de luxo
- JURÍDICO FASHION

- 8 de out.
- 2 min de leitura
Nos últimos meses, uma onda de vídeos de fabricantes chineses no TikTok reacendeu debates antigos sobre transparência na cadeia produtiva da moda de luxo. Alguns conteúdos afirmam que peças de marcas famosas, incluindo a icônica Birkin da Hermès, seriam produzidas integral ou parcialmente na China, sendo posteriormente enviadas à Europa apenas para receber o selo “Made in France” ou “Made in Italy”.

Enquanto essas alegações circulam rapidamente, especialistas e influenciadores destacam que muitas informações são imprecisas ou aplicáveis apenas a algumas linhas de produção, não às maisons que mantêm fabricação artesanal exclusiva, como a Hermès, que produz todas as Birkins na França com matérias-primas próprias e controle total de cada etapa.
No Direito da Moda, este tema está diretamente relacionado à proteção de marca, propriedade intelectual e rotulagem correta. A legislação europeia permite que um produto receba o selo “Made in” se a etapa final substancial da produção ocorrer no país, mesmo que partes sejam feitas em outros locais. No entanto, os consumidores têm direito a transparência sobre a origem e autenticidade das peças, o que reforça a necessidade de contratos robustos, monitoramento da cadeia de produção e políticas claras de compliance para proteger a marca e evitar litígios.
Além disso, a polêmica evidencia como a globalização da produção e o avanço tecnológico na China desafiam o conceito tradicional de luxo e exclusividade. O país hoje possui fábricas de alta tecnologia e mão de obra qualificada, capazes de produzir peças com qualidade equivalente ou superior a centros tradicionais. Diante desse cenário, marcas de luxo precisam reforçar mecanismos legais que garantam autenticidade, controle da marca e responsabilidade sobre fornecedores, evitando que produtos originais sejam confundidos com réplicas ou estratégias de marketing enganosas.
Além das discussões sobre a origem das peças, a polêmica também evidencia a importância da propriedade intelectual no setor de moda. Marcas de luxo investem décadas em desenvolvimento de design, artesanato e branding, e a circulação de produtos falsificados ou réplicas de alta qualidade pode afetar não apenas a receita, mas também o valor simbólico e o prestígio da grife. No Direito da Moda, registrar designs, logos e coleções é uma forma de garantir proteção jurídica contra cópias e fortalecer estratégias de combate a infrações no mercado global.
Outro ponto relevante é o controle sobre a cadeia produtiva. A rastreabilidade dos insumos, processos e etapas de fabricação não é apenas uma exigência ética e ambiental; é também uma medida legal que assegura autenticidade. Plataformas digitais e marketplaces internacionais passam a ser cada vez mais cobrados pelo cumprimento de normas sobre origem e transparência, especialmente quando produtos circulam entre diferentes jurisdições, como China, França e Itália.
Por fim, os vídeos viralizados também levantam questões sobre marketing e percepção de valor. A forma como um produto é apresentado online pode gerar confusão quanto à sua origem e autenticidade. Para o consumidor de moda, isso influencia decisões de compra; para a marca, envolve risco legal e reputacional. Assim, profissionais de Direito da Moda e empresários precisam alinhar comunicação, compliance e registro de propriedade intelectual para manter integridade e valor de suas criações.
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