O que o futuro reserva para o mercado de luxo? Quais os riscos jurídicos?
- JURÍDICO FASHION

- 19 de ago.
- 2 min de leitura
O mercado global de luxo vive um momento de transição delicada. Depois de anos de crescimento acelerado — com picos expressivos mesmo durante e após a pandemia — grandes grupos como LVMH, Kering, Richemont e Prada estão enfrentando quedas nas vendas e lucros. A desaceleração chinesa, as tensões geopolíticas, tarifas de importação elevadas e a mudança no comportamento do consumidor formam um cenário que exige novas estratégias.

No entanto, a Miu Miu surge como uma exceção que chama a atenção: com crescimento de 49% no 1º semestre de 2025, a marca mostra que é possível prosperar mesmo em tempos adversos. Seu sucesso é fruto de um diálogo intergeracional consistente, não apenas com coleções e imagem, mas com projetos que fortalecem a identidade da marca, como o clube de leitura. Além disso, produtos icônicos como os mocassins de veludo ocupam posições de destaque entre os itens mais desejados do mundo, segundo a Lyst.
A retração, no entanto, é clara em outros setores: o grupo Prada como um todo teve queda de 1,9% nas vendas; o LVMH registrou retração de 3% e queda de 22% no lucro líquido; a Kering viu suas vendas caírem 16% no semestre, com destaque negativo para a Gucci (-25%); e até a Chanel reportou sua primeira queda desde 2020, com -4,3%. Diante desse panorama, movimentos como a compra da Versace pela Prada ou o possível repasse da Marc Jacobs pela LVMH não são apenas transações comerciais, mas decisões jurídicas estratégicas para preservação e reorganização de portfólios de marcas.
Do ponto de vista do Direito da Moda, o momento evidencia como marcas de luxo precisam estar juridicamente preparadas para proteger seus ativos intangíveis, renegociar contratos e explorar novos modelos de negócio em contextos incertos. Fusões, aquisições e vendas de marcas não envolvem apenas cifras bilionárias, mas também a transferência de direitos de propriedade intelectual, passivos jurídicos, contratos de exclusividade e acordos com fornecedores e distribuidores.
Outro aspecto relevante é a tendência do consumidor de luxo atual: investir em peças menores, como sapatos e bolsas, que entregam status com menor desembolso. Essa preferência tem implicações jurídicas diretas — do registro de desenhos industriais para evitar cópias até a vigilância contra falsificações em mercados emergentes e plataformas digitais.
Em tempos de retração, o futuro do luxo não será definido apenas pela criatividade nas passarelas, mas pela inteligência jurídica e estratégica na condução dos negócios. O setor que sempre ditou tendências precisa, mais do que nunca, prever riscos, ajustar contratos e proteger seus símbolos de prestígio para atravessar a turbulência sem perder o brilho.
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