Moda como escudo e manifestação: semanas de moda internacionais lançam reflexões sobre o mundo atual
- JURÍDICO FASHION

- 22 de jun.
- 2 min de leitura
Atualizado: 26 de jul.
As semanas de moda internacionais outono-inverno 2025/2026 não passaram despercebidas. Em vez de apenas ditarem o que será tendência nas vitrines, elas serviram como palco para reflexões profundas sobre o mundo atual. O agravamento das tensões políticas globais, as emergências climáticas e os retrocessos nos direitos sociais ecoaram na passarela com força dramática. E com isso, o Direito da Moda foi, mais uma vez, convocado a observar, interpretar e agir.

A estética da proteção, traduzida em volumes, tecidos técnicos e silhuetas que lembram armaduras urbanas, encontrou espaço ao lado de peças translúcidas e modelagens ousadas que expõem o corpo. Tudo isso em meio a luzes baixas, salas fechadas e narrativas de resistência. Nas entrelinhas: o corpo pede abrigo, mas também grita por expressão. E isso tem impacto jurídico. A liberdade de expressão na moda, seja individual ou coletiva, é um direito resguardado, e seu exercício criativo pode gerar controvérsias, contratos rompidos, censuras e debates sobre limites éticos e legais.
A moda de gênero fluido se estabeleceu como ponto de virada. Miu Miu, Prada e Dior desconstruíram binarismos e transformaram feminilidade e masculinidade em propostas que questionam não apenas o gosto, mas também o que está previsto em normas regulatórias, contratos comerciais e estratégias de comunicação. Como rotular uma peça genderless? Como proteger um design que escapa do tradicional?
No campo da sustentabilidade, o que se viu foi uma clara tentativa de alinhar estética e responsabilidade. Stella McCartney e CFCL apostaram em processos e materiais de baixo impacto, com inovações como paetês vegetais e certificações B Corp. Aqui, o Direito da Moda entra com um olhar técnico sobre contratos sustentáveis, políticas ESG, rastreabilidade de materiais e greenwashing, práticas que, quando mal geridas, podem se transformar em passivo jurídico para a marca.
E quanto à pele nas passarelas? O retorno das peles sintéticas (ou reaproveitadas) reaquece o debate sobre o uso de matérias controversas na indústria da moda. A questão vai além do gosto: envolve legislações específicas, certificações éticas, compliance ambiental e comunicação clara com o consumidor.
As semanas de moda foram também território de manifestações: a camiseta-manifesto da Moschino, o cenário simbólico da Rabanne, a escolha da Unesco como local de desfile. Tudo isso toca em temas de liberdade artística e de posicionamento institucional. Quando uma marca se posiciona politicamente, ela assume riscos e responsabilidades. O Fashion Law atua para mitigar esses riscos e garantir que a liberdade criativa não colida com o ordenamento jurídico vigente.
Entre alfaiatarias imponentes, silhuetas livres e colagens conceituais, a mensagem das passarelas é clara: o mundo está em transição. E a moda está documentando cada capítulo. Cabe ao Direito da Moda assegurar que, nesse processo, as liberdades sejam respeitadas, os direitos assegurados e os limites éticos devidamente observados.
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