Fashion Law em alta perfumaria: Interparfums lança sua primeira marca própria
- JURÍDICO FASHION
- 29 de jul.
- 3 min de leitura
Depois de construir o seu sucesso em torno de marcas como Jimmy Choo, Montblanc e Lacoste, a especialista francesa em perfumes sob licença Interparfums lança Solférino Paris, sua primeira marca própria de alta perfumaria. Trata-se de uma incursão cuidadosamente elaborada no segmento das fragrâncias de nicho, numa altura em que o mercado global de fragrâncias continua a subir de gama.

Inspirado pelo endereço emblemático da sua sede em Paris, o número 10 da rue de Solférino, uma antiga mansão que foi durante muito tempo o reduto do Partido Socialista Francês, o nome da marca remete para a história da capital francesa.
Inaugurado em 2022 como sede da Interparfums, esse edifício de estilo Haussmann tornou-se a âncora criativa de um projeto impulsionado por Philippe Bénacin, CEO do grupo, que em novembro de 2024 falou do seu desejo de permitir a todos “levar um pedaço de Paris consigo”.
A coleção inaugural da Solférino Paris é composta por dez eaux de parfum de gênero neutro, numeradas de 1 a 10, cada uma inspirada por um lugar ou momento parisiense. Incluem Rêverie sur Seine 01, um neroli amadeirado de Nathalie Lorson (DSM Firmenich), Un Baiser Place Vendôme 08, um sândalo iridescente de Shyamala Maisondieu (Givaudan), e Coup de Foudre Quai Voltaire 09, uma composição amadeirada de Anne Flipo (IFF).
Já disponível durante uma semana na Drugstore Publicis, em Paris, a coleção será progressivamente lançada, com a abertura em setembro da primeira boutique em nome próprio no número 310 da rue Saint-Honoré. Trata-se de uma localização estratégica numa rua onde estão surgindo cada vez mais boutiques de perfumes de luxo. Paralelamente, a marca prevê o lançamento de um site de e-commerce dedicado também em setembro.
Posicionada no segmento premium, a Solférino Paris propõe dois formatos: 75 ml a 160 euros e 125 ml a 260 euros. Com essa iniciativa, a Interparfums alinha-se com uma tendência impulsionada por outros grandes grupos do setor. No início de 2024, a Coty estreou a Infiniment Coty Paris, sua própria marca de perfumes de prestígio, que também tem uma boutique em Paris.
No primeiro trimestre, a Interparfums registrou vendas de 235,5 milhões de euros, em comparação com 212,7 milhões de euros no ano anterior. O crescimento foi impulsionado, nomeadamente, pelos desempenhos da Jimmy Choo (+40%) e da Lacoste (+34%). Em março, o grupo anunciou também a aquisição da Goutal, fundada em 1981 por Annick Goutal, reforçando ainda mais sua carteira no segmento premium.
A entrada no mercado de ultra nicho representa mais do que uma expansão comercial, é um movimento estratégico que envolve intensamente o Fashion Law. A criação de uma marca própria traz consigo desafios legais ligados à construção de identidade visual, branding, formulações protegidas por segredo industrial e contratos com perfumistas renomados.
Além disso, o plano de expansão internacional exige atenção às normas regulatórias de importação/exportação, proteção de dados em e-commerce, contratos de distribuição e à observância de tratados de Propriedade Intelectual em múltiplas jurisdições. O uso de nomes ligados à história francesa, como Solférino e Quai Voltaire, também pede cuidado para não incorrer em violações de uso indevido de elementos culturais ou toponímicos protegidos.
O que se vê, portanto, é que mesmo na sofisticação e delicadeza do universo olfativo, a presença jurídica é profunda e estratégica, especialmente quando falamos de uma marca que quer traduzir Paris em frascos.
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