Sustentabilidade na moda: 3 tendências que podem transformar a moda brasileira em 2025
- JURÍDICO FASHION
- 15 de jan.
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A emergência climática está moldando os rumos de diversos setores, e a moda, como um dos maiores responsáveis por emissões de carbono e pelo uso exacerbado de recursos, precisa se adaptar. O impacto das mudanças climáticas está mais evidente do que nunca, e o aumento das temperaturas e os eventos climáticos extremos exigem uma resposta mais contundente da indústria da moda, especialmente no Brasil.
Neste contexto, três tendências se destacam como elementos transformadores para o futuro da moda no Brasil em 2025. Essas tendências não só refletem um movimento crescente por mais sustentabilidade, mas também abrem portas para novas possibilidades no mercado jurídico da moda, onde a regulamentação e a adaptação das marcas podem ser um diferencial.
1. Decolonialidade: resgatando saberes ancestrais para uma moda sustentável
A decolonialidade é uma proposta fundamental para reverter a lógica produtiva atual da moda, que historicamente tem se baseado em modelos de exploração global. A indústria da moda, muitas vezes, se esquece de olhar para os saberes locais que vêm de comunidades tradicionais e indígenas, que vivem em harmonia com a natureza há séculos. A resistência ao modelo capitalista que marginaliza essas práticas tem sido um movimento crescente, mas ainda é uma luta constante.
O conceito de decolonialidade na moda propõe que as marcas, estilistas e empresas integrem essas sabedorias locais, respeitando e incentivando práticas ancestrais de produção que não apenas protejam os recursos naturais, mas também revitalizem e reconheçam essas culturas. Para os advogados e profissionais do Direito da Moda, isso representa uma mudança importante nos contratos, licenciamento de recursos e práticas éticas no mercado da moda.
2. Bioeconomia: inovação e preservação ambiental na indústria da moda
A bioeconomia surge como um conceito revolucionário, baseado na utilização de recursos naturais renováveis de maneira sustentável e equilibrada com o meio ambiente. Ao invés de depender do modelo de extração intensiva, a bioeconomia na moda propõe que as empresas adotem práticas que respeitem a biodiversidade e utilizem matérias-primas de forma mais ética e inovadora. Isso inclui o uso de tecidos naturais, biodegradáveis, e novas tecnologias baseadas em biomateriais.
Este movimento tem um impacto direto nas questões jurídicas envolvendo a produção e o consumo de moda. A regulamentação de novos processos produtivos, como a criação de tecidos orgânicos ou o licenciamento de novos biomateriais, pode gerar novas oportunidades para advogados especializados em Direito da Moda. Além disso, o compliance ambiental e a responsabilidade social das marcas se tornam questões centrais que precisam ser regulamentadas e supervisionadas, o que demanda uma expertise jurídica focada em sustentabilidade.
3. Saberes Locais: inclusão de práticas sustentáveis na moda brasileira
O Brasil possui uma enorme diversidade cultural e natural, mas muitas práticas sustentáveis, baseadas nos saberes tradicionais das comunidades locais, continuam marginalizadas pela lógica do fast fashion. Esses saberes, que envolvem práticas de cultivo, tingimento natural, e produção artesanal, são frequentemente desconsiderados em favor de processos mais industrializados e poluentes.
Incorporar essas práticas no desenvolvimento de novos produtos de moda não só é uma maneira de respeitar o meio ambiente, mas também de promover a inclusão e dar visibilidade às comunidades tradicionais. Para o mercado jurídico da moda, isso implica uma transformação no modelo de contratos de licenciamento, acordos com marcas e fornecedores locais, e na gestão de direitos autorais e de imagem, especialmente no que diz respeito à proteção do patrimônio cultural imaterial.
O Direito da Moda tem um papel crucial em garantir que as novas tendências para 2025 sejam implementadas de forma ética e sustentável. Isso inclui a elaboração de contratos que contemplem questões de sustentabilidade, a criação de regulamentações que incentivem práticas ecológicas no setor, e a proteção de saberes tradicionais que podem ser usados de forma inovadora.
O aumento da demanda por transparência e responsabilidade social por parte dos consumidores e investidores é um dos maiores desafios para as marcas de moda. No entanto, ele também representa uma oportunidade para advogados especializados em Fashion Law de ajudar a estruturar negócios mais sustentáveis e garantir que as empresas se ajustem às novas exigências legais e ambientais.
A sustentabilidade na moda não é mais uma opção, mas uma necessidade. E o futuro, principalmente em 2025, exige uma abordagem mais holística, que combine a inovação com a preservação ambiental, a ética com a estética, e os saberes locais com a moda global. As práticas de decolonialidade, bioeconomia e saberes locais são os alicerces que podem transformar esse futuro.
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